Desde os 10 anos de
idade, Valdir Soares já fazia parte do time infantil e logo depois do juvenil
do V.E.C. “Não joguei no time principal
em razão de na época o trabalho ser mais importante, os parentes achavam que
devia dar valor ao serviço. Mesmo assim, sempre dava um tempo para visitar o
campo e acompanhar os times. Antes da idade para dirigir, usava um pequeno
caminhão para poder levar os jogadores nas competições’. Sempre abraçando o
Vespasiano Esporte Clube, time que tinha maior veneração. O presidente da época
era José Aguiar, que solicitava colaboração e ajuda para manter o time em
competições.
Quando houve a ordem
judicial de despejo do Vespasiano Esporte Clube, o campo antigo ficava próximo da
Cooperativa de Leite de Vespasiano, sendo que havia somente uma rua que dava
para os Fagundes, estrada velha de Nova Granja. Neste tempo a vida na cidade
girava em torno do futebol. O presidente, preocupado, solicitou ajuda dos
conselheiros para adquirir um novo terreno. Acharam um brejo onde Perdigão
plantava arroz, era a única solução, “ teríamos
que aterrar para fazer o campo, pois era uma lagoa onde os pássaros, principalmente
o Frango D’água, sempre estavam presentes, dando origem ao nome do escudo do time”.
Na época da cheia, o rio transbordava e a enchente aumentava a lagoa. De vez em
quando, aparecia por lá até jacarés.
Os responsáveis pela
aquisição da nova área para o campo foram o Sr. Rui da Varginha e o Sr. José
Tomaz Teixeira, este conhecido por Bodé, os quais participaram das negociações.
Logo após, começaram os trabalhos para o
aterramento da lagoa, sendo de grande importância a participação de Jaime
Nascimento, topógrafo que fez a medição da topografia do terreno. Enquanto
isso, o Independente Futebol Clube, através de seu presidente Ubaldo Oliveira
Lima, emprestava o campo ao VEC para a
disputa de futebol pela Liga.
“Muitas
famílias, colaboradores e diretores ajudaram na construção do novo estádio: Os Xavier
e os Rocha foram grandes colaboradores, também os Silva, João Mormelo e família
e demais que, no momento, não me lembro”. Os trabalhos
eram realizados aos sábados e domingos e sempre tinham uma resenha, para
confraternização. “Só Ingó Araújo sempre
trazia a limonada gelada para os voluntários”. Nas obras do aterramento,
Bodé, João Araújo e Ivo Marani emprestavam os seus caminhões para transportar a
terra e José Silva, filho de João Mormelo, e Alberci conseguiram um trator na Aeronáutica
para ajudar na terraplanagem. “Parecia
que não ia acabar, terra e mais terra para encher o espaço, muitas vinham das
obras do município e da limpeza do rio da cidade, que estava sendo corrigido”.
O engenheiro Renato Assis responsável pela obra do rio é que emprestava as máquinas aos sábados e
domingos para terraplanagem da área, liberando os caminhões para trazerem o que
era retirado para o aterro. Afonso, irmão de José Araújo, ajudava usando o seu
caminhão trazendo terra.
Concluída a
terraplanagem, foi iniciado o plantio da grama, que em Vespasiano era fácil de
se conseguir, pois em todas as partes havia bastante grama. Varias pessoas da
comunidade que possuíam terreno com grama ajudaram na entrega. Para construção do alambrado e dos vestiários
foi realizada uma campanha, pedindo a colaboração dos comerciantes e da
comunidade, sendo realizados também bingos e festas para obtenção de recursos
financeiros. As companhias Ical e Itaú, doaram pedra e brita. A areia foi retirada
do rio Ribeirão da Mata e trazida pelos caminhões de João Araújo e Afonso
Araújo. O cimento foi adquirido fiado, nos depósitos de Petrônio Salomão e
Vinicius Salomão, que facilitavam o pagamento.
“Fui
diretor secretário no ano de 1960 e depois Presidente do Conselho Deliberativo
por vários anos. Também presidi o Vespasiano Esporte Clube por três vezes. Ilvo
Marani teve uma grande participação na construção do Vespasiano Esporte Clube. Não
posso deixar de citar um dos grandes batalhadores pelo futebol em Vespasiano, o
Sr. João Mussa”.
A obra foi concluída em
mais ou menos dois anos. Em setembro de
1966, foi inaugurada a finalização do estádio. O estádio do VEC traz o nome do
seu principal idealizador Ilvo Marani. “Terminada a obra, começamos a vender cotas e
cadeiras cativas o que não deu muito certo”. O Vespasiano Social Clube pertencia ao
Vespasiano Esporte Clube, onde eram realizadas as festas, para arrecadar fundos
para as despesas do Clube. “Infelizmente,
por má gestão, perdemos este espaço”.
O registro da área em
cartório foi realizado na gestão de Valdir Soares. Como Presidente do Conselho
Deliberativo, Valdir sempre arrumava tempo para estar presente nas reuniões. Saudoso,
Valdir relembra os grandes jogadores do VEC em sua gestão: Luiz, Toninho
Meio-Quilo, João Araújo, Joaquim, Paulo Guarda-Fio, Sinval, Núbio, Jairo, Toninho
Rocha, Batista, Nonô Ingó, João de Deus, Zé Marani e Neném Careca.
Na comemoração dos 80
anos do Vespasiano Esporte Clube houve uma grande programação, com um mês de
festividades, também foi lançado uma edição no jornal Impulso Progressista, com
tiragem de 2000 exemplares, realizada pelo jornalista Ubaldo Oliveira Lima
sobre a história do VEC. José Mansur, Presidente em exercício na época, deu
todo o apoio. Os comerciantes da cidade, conselheiros e a comunidade ajudaram
com doações para realização da festa. Também ajudaram na realização do evento,
a Unimed e a Aeronáutica, sendo que esta cedeu um paraquedista que desceu no
meio do campo na abertura do festival. Clubes de Pedro Leopoldo, Santa Luzia, Belo
Horizonte, Lagoa Santa, São José da Lapa e o time juvenil do Atlético estiveram
presente.
Outro fato marcante
para Valdir Soares, foi a disputa entre a sua chapa e a de Carlos Murta e Zé
Marani, sendo eleito com quase a totalidade dos votos. Um dos grandes orgulhos
do VEC, foi ter sido eleito o clube mais querido do amadorismo, em um concurso
promovido por Dom Serafim Fernandes de Araújo.
“O que sinto, é que aos poucos o futebol amador está diminuindo, as
Ligas das cidades já não têm aquela vontade anterior. Veja, times amadores de
Lagoa Santa, São José da Lapa, Pedro Leopoldo, Santa Luzia e outros não se ouve
mais referencias a times. A Imprensa, FMF e as Ligas deveriam dar mais apoio,
para voltar as grandes disputas. O futebol mexe com o povo. Fui feliz e sou
feliz por ter ajudado o Vespasiano Esporte Clube, doei na melhor maneira possível,
me sinto honrado ter sido escolhido por muito tempo a indicação para Presidente
do Conselho Deliberativo, sempre por aclamação, e de não ter sido nunca
questionado no mandato.”
Entrevista realizada
com Valdir Soares Pereira.Vespasiano, 27 de fevereiro de 20016.
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